quarta-feira

Passava no bar geralmente às sextas-feiras, de calça legging ou vestido curto, às vezes vinha de tamanquinho:

_ Olha, seu Onofre, fiz o pé agora, não ficou bonitinho? - e ergue o pé.

O seu Onofre tenta achar equilíbrio apoiando o copo no balcão, examina a beldade toda:

_ Ficou, meu anjo, ficou lindo.

E enxuga a testa, o pobre. Ela mora num prédio novo, com piscina e churrasqueira, na mesma rua do boteco. É casada, anda bem maquiada e perfumada, o marido tem carro novo.

É quando as mesas da calçada fervem no derradeiro furdúncio da semana que ela aparece, fazendo graça no meio da rapaziada, homens da gráfica, da oficina e das construções que pipocam pelo bairro. Bebe pouco, com uns e com outros, seu negócio é papear e chamar a atenção para os resultados da malhação ou da dieta no seu corpo, o novo corte do cabelo, o brinquinho que ganhou .

Sempre há um pra lhe meter uma palmada no traseiro. Ela se faz de bravinha, não tanto que atrapalhe a diversão, e estapeia de leve o braço do atrevido. Às vezes sai com o engenheiro que tem uma fabriqueta ali perto, sobe no carrão e zapt.

Umas duas vezes o engenheiro levou a esposa pra comer a feijoada de sábado no boteco. O povo em volta ficou tenso; e se a outra...? Mas ela só vinha às sextas.

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